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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Cantinho da disciplina: sim ou não?

Imagem retirada do Uol Mulher
As opiniões se dividem quando o assunto é o famoso "cantinho/banquinho" da "disciplina", ou da "esperança", ou do "pensamento" um recurso que tem vários nomes e um objetivo:separar a criança que teve uma atitude inadequada da turma, por um espaço de tempo - geralmente um minuto para cada ano de vida da criança – para que ela reflita sobre a situação. 








Educadores que utilizam o “cantinho” para isolar a criança, realizam esta ação por alguns motivos:

  • Afastar da turma alguma criança que está brigando, oferecendo risco de machucar colegas ou professores;
  • Acalmar a criança que está tendo um momento de revolta com alguma situação, ou fazendo birra, para que reflita sobre sua atitude;
  • Punir uma desobediência;
  •  Evitar que outras crianças próximas tomem atitudes parecidas com a que motivou o uso do "cantinho" com a criança que está tendo a atitude inadequada.
O cantinho, em tese, serviria para a reflexão, por parte da criança, para que afastada da situação que a fez desobedecer/agredir/estragar algo, se acalme, pondere o que houve de errado em sua atitude e possa desculpar-se posteriormente com o educador e colegas.

Professores que utilizam esta técnica conseguem a curto prazo:

  • Isolar a criança do problema em questão, evitando gerar estresse para toda a turma ou família;
  • Afastar a criança do problema, para que ela possa se acalmar, e acalmar-se também;
  • Fazer a criança parar e aprender a praticar autocontrole.
Porém, será que o cantinho da disciplina surte os resultados esperados?

Profissionais da Educação, psicólogos e outros estudiosos apontam alguns problemas em utilizá-la:

  •  Proporciona uma pausa mais para a família e educadores que propriamente para a criança;
  • É melhor reparar o erro na medida do possível, que ficar sentado durante x minutos;
  • Crianças em idade de Educação Infantil e início das Séries Iniciais não usarão este tempo no cantinho ou banco para refletir sobre o que fizeram. Na realidade passarão este tempo a) remoendo o "castigo" como "injusto" ; b) pensando em coisas aleatórias e pedindo desculpas ao final do tempo apenas para poder sair do cantinho, sem ter feito reflexão alguma ou até c) imaginando formas de "não ser pego" na próxima, ou de "se vingar" dos colegas e professores por ter ido parar no dito cantinho.


O “cantinho da disciplina” não parece ser um recurso tão ruim, se for aliado a uma boa conversa.
Não deve ser um recurso a ser usado de forma impulsiva ou rotineira, assim que uma criança desobedece, sob pena de estar produzindo seres “amestrados”. 

Particularmente, sou a favor de retirar a criança em algum momento para uma conversa. Apenas mandar sentar, deixar alguns minutos e dizer que pode levantar não vai surtir o efeito esperado, que é o da reflexão – justamente o que deveria ser o objetivo do tal “cantinho”. Há casos de professores que utilizam deste expediente várias vezes ao dia, mandando alunos agitados para o cantinho da disciplina. Assim que o tal aluno sai do cantinho, torna a “incomodar” a turma, sendo mandado novamente para o cantinho. Não houve reflexão. 

 Por que conversa é necessária? Pois apenas isolar a criança, não ataca as causas do problema que motivaram o uso do cantinho. Ela precisa entender por que sua atitude foi errada e o professor irá ajuda-la nesta tomada de consiência. Em caso de uma briga, é interessante colocar a criança que agrediu para ouvir a que foi agredida, e notar se o pedido de desculpas foi sincero, ou foi apenas a resposta que o professor queria ouvir. 

Imagem do blog Mami Feliz
A criança, sobretudo a criança pequena, ainda está aprendendo a controlar seus sentimentos e seus atos, sendo por natureza impulsiva. Este controle deve vir da criança. É necessário afastar a criança de alguma atividade se isto estiver pondo em risco a integridade física de outras crianças, ou atrapalhar tanto que as demais crianças não estão conseguindo realizar a atividade proposta. Neste caso é necessário firmeza, a criança deverá ficar fora da atividade e só voltará quando se comprometer a mudar sua atitude. Deixando a criança escolher quando se sente pronta para voltar, fortalecemos a construção de sua autonomia. Também é interessante que um adulto possa ficar por perto, para ela se sentir segura, saber que apesar do comportamento inadequado que motivou o isolamento, ela ainda pode contar com a presença e o amor deste adulto.

Gostaria de saber a opinião de vocês, pais e professores, leitores pontuais ou ocasionais....

Vocês  costumam usar o recurso do "cantinho da disciplina" ou "cantinho do pensamento"?Em que ocasiões? Em caso afirmativo, como vocês levam a criança a refletir sobre a atitude que motivou o uso do "cantinho"? Em caso negativo, que soluções utilizam?
Deixem suas respostas aqui mesmo nos comentários, pode gerar um debate interessante! 

Até a próxima!!!

 



4 comentários:

  1. Fiquei sabendo que a professora da creche põe meu filho de dois ano neste tal cantinho, não achei correta esta atitude, o que deve fazer ?

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    1. Boa tarde, Pri! Antes de formular qualquer opinião,eu conversaria com esta professora para verificar qual a intenção dela ao colocar a criança no cantinho e como ela o faz ( quais os motivos, quanto tempo ele fica neste canto, que critérios ela utiliza para que ele possa sair de lá, por exemplo). Ou seja, um bom diálogo entre vocês duas para cada uma expor o seu ponto de vista e reflexão sobre o acontecimento.
      Espero ter ajudado.
      Abraços!

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  2. ñ aguento mais a professora falar que atitudes ,do coleguinha da minha filha de 3 anos,como bater e rasgar a mochila dela sejam normal.Porque ela alega que isso acontece porque ñ tem auxiliar dentro de sala de aula pra ajuda -la manter a ordem.Nao posso trocar minha filha de colégio e estou de mãos atadas sem saber o que fazer. Tatiane9878@gmail.com

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    1. Oi! Você comentou isso com a professora apenas ou com a coordenação da escola? Pois dependendo do número de crianças em uma sala, sem auxiliar fica mesmo difícil, ainda mais com crianças de três anos de idade. Se a turma for muito numerosa, talvez valesse a pena conversar com a coordenação ou secretaria de Educação sobre isso, mas falando com a professora primeiro.
      Quem sabe a própria professora já não relatou à coordenação da escola este fato. É muito comum ter em sala de aula crianças que batem ou estragam objetos dos coleguinhas nesta idade, porém como faz pouco tempo que as aulas reiniciaram, a professora pode ainda conseguir minimizar ou acabar de vez com esta situação conforme o tempo passa e a turma vai absorvendo a rotina da sala e as regras de convivência. Tenho pouca experiência com turmas desta idade, por isso deixo aqui o espaço para que mais pessoas que passaram ou passam por esta situação possam se manifestar e juntos debatermos sobre.
      Abraços e espero que tudo se resolva da melhor forma possível!

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